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Autarquia assinalou 100 anos da incorporação do Soldado Milhões
No dia em que assinalou o centésimo aniversário da incorporação do soldado Aníbal Augusto Milhais, mais conhecido por Soldado Milhões, o soldado mais condecorado Português da I Guerra Mundial e o único soldado português premiado com a mais alta honraria nacional, a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a Câmara de Murça inaugurou na Biblioteca Municipal uma exposição evocativa dos “100 anos da I Guerra Mundial e a Luta pela Paz ”, da autoria da CPPC.
A cerimónia de inauguração contou com a presença de Helena Mesquita Ribeiro, Secretária de Estado da Justiça, do Presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa, dos vereadores da autarquia, do presidente da Assembleia Municipal, do Juiz presidente da Comarca de Vila Real, do vice reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, entre outras entidades. Destacamos ainda a presença de familiares do soldado milhões, nomeadamente sete netos.
Aníbal Augusto Milhais nasceu em Valongo, concelho de Murça, em Trás-os-Montes. Filho de agricultores e ele próprio agricultor durante toda a vida, com excepção do tempo em que esteve na guerra.
Chegada a hora da tropa foi incorporado no Regimento de Bragança e mais tarde no de Chaves. Em 1917 partiu para a frente de combate. Um ano depois, chegava o "grande momento", o da Batalha de La Lys, na Flandres. O dia preciso: 9 de Abril.
Rezam as crónicas que uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A nossa força chegou a ser destroçada e a situação era «a pior possível». Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar. O soldado Milhais viu-se sozinho numa trincheira e, então, ergue-se, de metralhadora Lotz em punho, e varreu uma coluna de alemães que vinham em motocicletas. Terá feito o mesmo ás colunas de "boches" que entretanto surgiram. Parece que os alemães terão julgado que, em vez de um camponês sozinho, enfrentavam um fortíssimo regimento de portugueses e ingleses. Mas, afinal, era apenas Milhais e a sua querida "Luísa", nome da metralhadora.
O acto isolado deste soldado permitiu aos aliados tomar posição trinta e tal quilómetros mais atrás. Milhais, esse, continuou sozinho, a vaguear pelos campos, tendo apenas «amêndoas doces» para comer. Reza também a história que salvou um grupo de escoceses de serem capturados, disparando sobre os alemães que os perseguiam.
Quatro dias depois da batalha, encontrou um médico escocês que o salvou de morrer afogado num pântano. Foi este médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército aliado dos feitos do soldado transmontano. Chegado ao acampamento, Milhais foi efusivamente abraçado pelo seu comandante (General Tamagnini): «Tu és Milhais, mas vales milhões».
Por causa desse feito Milhões recebeu a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, em Isberg. Perante o soldado, que, no fundo, era apenas um homem simples e grande contador de histórias, desfilaram «em continência» 15 mil soldados aliados.
Depois de terminada a guerra, o soldado recebeu outras condecorações portuguesas e estrangeiras.
Em 1928, Aníbal Milhais decide emigrar para o Brasil (para ver se conseguia sustentar os filhos: uma pátria agradecida NÃO velava por ele…), mas em Agosto regressou á sua terra, depois de ter surgido uma iniciativa de outros emigrantes portugueses em terras de Vera Cruz que viram nele a «personificação completa de Portugal eterno». Remeteram Milhões para a Pátria com uma «boa soma» nas algibeiras.
«Há ideia de que ele matou muita gente...mas ele tinha a convicção de que, apenas, reagiu para se defender. Milhões ao folhear os jornais e fotografias da época, apenas se queria lembrar dos que não conseguiu salvar. Não se orgulhava dos números da mortandade nem dava muita importância a tantas medalhas. Foi, até ao fim da vida, um homem simples que as circunstâncias das lutas daquele tempo fizeram herói. «Ele achava que fez, apenas, o que qualquer um, em circunstâncias iguais, teria feito». Milhões evitava falar da guerra, apesar de considerar que o seu gesto «tinha sido corajoso». Trabalhava no campo e gostava de conversar, «com muita naturalidade e sem vaidade».
«Homem baixo, 1 metro e 55 centímetros. Testa inteligente. Olhar penetrante. Rosto simpático com farto bigode semi-grisalho.
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