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As feiras
Constituíam para as localidades o seu ponto mais elevado de desenvolvimento. São das instituições mais importantes da Idade Média. Além da sua função económica, de intercâmbio comercial num tempo e lugar certos, elas são também um espaço lúdico e de comunicabilidade.
Colmatando a falta de acessos fáceis e rápidos, elas ainda serviam de estímulo a cumprir regras de paz, perdão e harmonia. As feiras de Murça foram instituídas por D. Dinis através do Foral de 1304 e "deviam começar 12 dias por andar de cada mês e durar dois dias". Em 1394, os povoadores de Murça pedem a D. João I que lhes confirme a carta de D. Dinis, sendo lhe concedida a 10 de Junho desse mesmo ano. A feira realizava se uma vez por mês, geralmente no dia 18.
Actualmente, realizam-se a 13 e 28 de cada mês. Há ainda duas feiras anuais: a do gado, por ocasião das festas em honra de Nosso Senhor dos Aflitos, e a do Natal a 22 de Dezembro. Elas são o encontro de pessoas e bens e constituíam, pelo menos até há alguns anos atrás, o principal momento de lazer e até de festa das suas gentes.
Realizam se também feiras na Freguesia de Jou, a 11 e 27 de cada mês, e uma anual de gado inserida nas festas de S. Isabel. Os produtos comercializados eram vinho. azeite. castanha. mel, linho, lã, seda, e ainda peixe, sal, especiarias e produtos industriais. No princípio estes bens eram transaccionados por almocreves através de via romana do interior para o litoral e viceversa.
Em 1870, o Fontismo trouxe ao Município algum progresso com a construção da estrada n.°15 que liga o Porto a Bragança, abrindo assim novos horizontes ao comércio e às suas gentes. O concelho de Murça, como quase todos os Municípios Transmontanos, sofreu atrasos consideráveis devido à dificuldade das vias de comunicação que lhes trouxeram o isolamento. O Marão foi, até há poucos anos, a principal barreira quase intransponível que lhe impediu o acesso ao desenvolvimento de solo pobre, só 36% da área é fértil, sendo metade votada ao cultivo da vinha e do olival. Após o 25 de Abril notou se maior progresso no Concelho.
A paisagem humana poderia sintetizar se nas palavras de Miguel Torga: "São homens inteiros, saibrosos, altos, espadaúdos, que olham de frente e têm no rosto as mesmas rugas da terra". A feira dava lhes vida.