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“Nova” casa do soldado Milhões deverá estar concluída em outubro
As obras de recuperação da antiga casa do soldado Milhões já estão no terreno, um projeto que a vai transformar num centro interpretativo para homenagear o herói transmontano da Primeira Guerra Mundial e atrair visitantes à aldeia de Valongo de Milhais.
O projeto visa a recuperação da casa onde viveu Aníbal Augusto Milhais. Ali será instalado um centro interpretativo para se ficar a conhecer a sua história, a vida da época e momentos da Grande Guerra.
Em declarações à VTM, o presidente da câmara de Murça, Mário Artur Lopes, refere que a pandemia de Covid-19 atrasou o projeto, no entanto, as obras “já iniciaram e deverão estar concluídas a 9 de outubro deste ano”.
O projeto visa a recuperação da casa onde viveu Aníbal Augusto Milhais. Ali será instalado um centro interpretativo para se ficar a conhecer a sua história, a vida da época e momentos da Grande Guerra. “Será um espaço aberto, que pode ser visitado sem ninguém a acompanhar, que terá ilustrações nas paredes, elementos multimédia, em que o objetivo passa por as pessoas chegarem aqui e perceberem aquilo que era a vida do herói Milhões, a vida na aldeia e factos da Primeira Guerra Mundial”.
Mário Artur Lopes explicou que a casa teve de ser demolida e será feita uma nova construção, que “será facilmente identificada, porque terá traços da original”. “O rés-do-chão e 1º andar será transformado num espaço único, que terá a meio um corredor onde se possa ver os elementos digitais a contar a história da I Guerra Mundial e a vida do herói Milhões”.
“Pretendemos criar um espaço de referência àquilo que foi o Aníbal Augusto Milhais, um ícone no nosso concelho”
A obra “é um sinal de respeito” por tudo aquilo que o herói Milhões representa para o concelho de Murça e, ao mesmo tempo, “pode ser também um elemento de atração para quem nos venha visitar”, frisa o autarca, adiantando que o investimento é de 270 mil euros, comparticipados pelo programa Valorizar, na ordem dos 85%.
OBRA ESPERADA “HÁ DÉCADAS”
António, de 87 anos, o único filho vivo do herói Milhões, vê com alegria a recuperação da casa do pai, onde viveu com os sete irmãos. “É uma boa notícia, mas já devia ter sido feita há muito tempo”, considera, adiantando que era um homem “muito trabalhador”. “Ia de segunda-feira a sábado ganhar a jeira e nós íamos levar-lhe comida descalços, mas ele dava tudo aos filhos”, acrescentando que “dava-nos tudo quanto tinha, não podia ser um pai melhor”, diz emocionado.
“Dava-nos tudo quanto tinha, não podia ser um pai melhor”
Berta Moreira, de 83 anos, nora e vizinha do soldado Milhões, mora a escassos metros da antiga casa que está a ser recuperada. “Gostávamos de ver as obras há muitos anos, mas foram só promessas, ninguém fazia nada. Agora parece que vai para a frente”.
“Gostávamos de ver as obras há muitos anos, mas foram só promessas, agora parece que vai para a frente”
Recorda que o sogro não era um homem de falar muito, mas, por vezes, ao serão e ele contava histórias da guerra. “Ouvíamos o que ele dizia, mas nem sabíamos que ele tinha sido tão corajoso”.
Aníbal Augusto Milhais morreu aos 75 anos em Valongo, a aldeia do concelho de Murça que adotou o nome de Milhais em sua homenagem. Amanhã, dia 9 de abril, assinalam-se 103 anos da batalha de La Lys na Flandres, onde o soldado murcense foi o herói português da Primeira Guerra Mundial, ao enfrentar sozinho nas trincheiras os soldados alemães.
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