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“Mestras” recordadas em debate sobre as raízes da educação
Na terceira edição do colóquio “educação, herança cultural e desenvolvimento”, que se realizou em Murça, foram recordadas as Mestras, que normalmente eram mulheres que cuidavam dos filhos dos outros, dos três aos seis anos.
A professora, Maria Isabel Breia, fez um retrato das Mestras em Murça, mostrando quem eram, o que faziam e o que ensinavam às crianças, num fenómeno que era sobretudo “urbano, das vilas e cidades”.
Fazendo a caraterização das Mestras, a professora revela que trabalhavam para ter um complemento ao rendimento familiar, por norma ensinavam em espaços muito pequenos, nas suas próprias casas, era um proto de um jardim de infância, onde as crianças ocupavam os tempos livres, mas também recebiam alunos da escola primária, a quem ajudavam a fazer as tarefas de casa e a estudar as lições.
Maria Isabel Breia recordou as Mestras de Murça, que ensinavam o abecedário, os números, a tabuada, contavam histórias e contos, e ensinavam a doutrina cristã, normalmente nas cozinhas das suas casas.
Os pais pagavam-lhe em dinheiro ou em espécie.
Depois de lembrar os nomes das Mestras de Murça, o momento foi de homenagem à Mestra Fátima, natural de Jou, que nasceu em agosto de 1947, e esteve presente no colóquio, tendo sido muito aplaudida pelos presentes.
Os seus “alunos“ recordam os tempos em que conviveram com ela, dizendo que era “muito meiga, gostava muito de crianças e sempre quis ser professora”.
As “Mestras” fazem parte da memória da educação de Murça, que o CITRIME pretende perpetuar na memória dos murcenses e de todos os que visitarem o espaço. “Quem vier a Murça, vai encontrar temáticas interessantes que se podem replicar em outros locais, mas temos a honra de dar o pontapé de saída aqui em Trás-os-Montes”, referiu Maria Isabel Breia.
O presidente da Câmara, Mário Artur Lopes, revelou que também ele teve uma “Mestra”, a D. Marquinhas, que educou muitas crianças de Murça durante várias décadas. “Não gostava de ir para a Mestra, que era muito rigorosa. Lembro-me de usar as lousas de pedras para escrever, onde aprendi muito”.
O autarca enalteceu ainda o trabalho que o CITRIME tem desenvolvido em prol da educação no concelho.
António Ferreira, professor da Universidade de Coimbra, fez uma retrospetiva do início dos jardins de infância e a proteção de crianças, que no século 19 viviam em condições muito difíceis e muitas delas eram abandonadas e outras morreriam, deixando dados da moralidade infantil, que registavam números “assustadores”.
A situação começou a melhorar com a intervenção de Bissaya Barreto, que foi político e professor de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo-se debruçado a sua ação nos domínios da saúde e da educação, que teve uma evolução “enorme” na região centro do país.
O ex-ministro da educação, Marçal de Grilo, fechou a sessão, com a conferência dedicada à pré-primária, que “é o primeiro passo da formação de base”.
O colóquio foi organizado em parceria com a Câmara de Murça, e contou com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, do grupo promotor do Centro de Memória da Educação de Murça, em colaboração com o Grupo de Trabalho de História da Educação, Herança Cultural e Museologia da Universidade do Porto e do Centro de Investigação e Intervenção Educativas.
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