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Fiolhoso: 'A aldeia que a emigração ajudou a construir'

Ainda sobre a viagem do Jornal “Luxemburge Wort” a Fiolhoso, o diário falou com José Teixeira Marcolino, presidente da Junta de Freguesia de Fiolhoso, conversa que passamos a transcrever:
Não sendo ele próprio emigrante, o caso de José Teixeira Marcolino, presidente da Junta de Freguesia de Fiolhoso, nunca quis emigrar e ficou ao leme do negócio da família, corrobora a teoria de que "há em todas as famílias [de Fiolhoso] pelo menos uma pessoa que emigrou para o Luxemburgo", como afirma Aline Schiltz no trabalho supracitado. Além da filha, tem dois cunhados a viver no Grão-Ducado. O sogro pertenceu à primeira geração de emigrantes que foram para lá. Esteve fora cinco anos, mas nunca levou a família, "talvez para evitar que os filhos se instalassem lá", presume. A mulher de José nunca esteve no Luxemburgo, mas os irmãos acabaram por seguir as pisadas do pai.
Fiolhoso começou a adquirir o aspeto que tem hoje entre 1958 e 1978, período no qual os caminhos de terra foram substituídos pelo asfalto. O entorno da praça central começou a ser edificado para habitação. A partir dos anos 80, a emigração foi o principal motor de transformação da aldeia. "Era uma loucura; o meu pai não conseguia ter materiais para toda a gente, porque havia muita construção", recorda José.
Aos poucos, as tradicionais casas de granito foram desaparecendo da paisagem — algumas chegaram aos dias de hoje, mas a maior parte está em ruínas —, dando lugar a grandes moradias com dois a quatro andares, escadarias de acesso ao interior, arcadas nas fachadas e jardins substanciais. Segundo Aline Schiltz, "a chaminé é o elemento típico que distingue as casas novas das tradicionais".
A vaga de construção estagnou no final dos anos 2000, mas teve um enorme impacto socioeconómico na vida dos fiolhosenses, nomeadamente ao nível das infraestruturas. A renovação da igreja e a construção do monumento à padroeira da terra foram parcialmente financiados por pessoas que trabalharam noutros países. Já a emigração no Luxemburgo ajudou a construir o pavilhão de jogos e o lar de idosos da aldeia.
Esta instituição é, aliás, um elemento simbólico da relação entre os dois países, já que só foi possível graças a uma parceria entre ambos os governos. O terreno foi doado pela junta à Santa Casa da Misericórdia, que assumiu a gestão do lar, e o Luxemburgo cobriu os custos da construção do edifício. A inauguração deu-se em 1998 e contou com a presença dos então primeiros-ministros Jean-Claude Juncker e António Guterres.
Hoje vêem-se poucas casas novas, até porque os novos emigrantes são persuadidos pelos benefícios fiscais do Luxemburgo e constroem lá, aponta José Marcolino. Da mesma forma, há um movimento no sentido inverso em relação às férias e visitas à família. "Agora há muitas pessoas que vão lá passar a Páscoa ou o Natal", explica. Já a cumplicidade luso-luxemburguesa não tem estação e continua a dar frutos: em breve vai nascer o Centro Social de Fiolhoso, um equipamento sociocultural impulsionado por locais e emigrantes.
Nos próximos meses, enquanto não chega o verão, a vida na aldeia volta a abrandar. Em agosto, Fiolhoso tornará a despertar com o frenesim de carros de matricula luxemburguesa espalhados por todo o lado. E a alegria das crianças que brincam na rua será a banda sonora dos dias.
Excerto de texto da autoria de Maria Monteiro "Fiolhoso, a aldeia mais luxemburguesa de Portugal", publicado no Luxemburge Wort
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