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Carlos Pereira: Jornalista e “embaixador' da língua e da diáspora portuguesa
Na última edição da Revista de Informação Municipal "Terras de Murça", na rubrica "gente da nossa terra", fomos conhecer mais detalhadamente, o murcense Carlos Pereira. Licenciado em Física pela Universidade de Paris, com um invejável currículo e um papel decisivo na diáspora e nas comunidades portuguesas, é atualmente diretor do Lusojornal, o único jornal franco-português de informação editado em França, onde é também produtor de conteúdos para o programa "Hora dos Portugueses" da RTP.
Quando em setembro de 1984 Carlos Pereira entrou, em Murça, no autocarro que o levava até Paris, não contava lá estar ainda hoje. Depois de uma adolescência passada em Candedo, rumava à “cidade luz” com a ambição de estudar física.
Só que, terminado o curso na Universidade de Ciências de Paris, a vida fez com que integrasse a Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), na altura a mais potente rede de associações portuguesas no mundo. Entrou como animador sociocultural e foi depois promovido a Diretor executivo daquela instituição.
Certamente inspirado nas atividades da Associação Desportiva e Cultural de Candedo, que ajudou a dinamizar durante a sua adolescência, e sobretudo o grupo de teatro dinamizado pelos pais, nos primeiros anos de vida em Paris criou também um grupo de teatro na Associação Cultural dos Trabalhadores Portugueses de Paris 8/17 e mais tarde fundou o Festival de Teatro Português em França, um dos maiores festivais de teatro português nos anos 90, que dirigiu durante 10 anos. Na altura, grande parte das companhias de teatro de Portugal passaram pelo festival, que durava um mês e percorria dezenas de cidades francesas, a começar pelo teatro Filandorra de Vila Real.
Ainda nos anos 90, organizou os Encontros Europeus de Jovens Lusodescendentes e organizou um vasto programa de formação de dirigentes associativas em vários países da Europa. Foi com o apoio desta estrutura que convidou a Banda Marcial de Murça a deslocar-se à região de Lyon para concertos em Brignais e em Bron.
Depois de 10 anos a dirigir a Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF) – “os anos mais formativos da minha vida” como costuma dizer – passou a ser Diretor de marketing e vendas da Marconi France, uma empresa do grupo Portugal Telecom e em 2004 enveredou pelo jornalismo, atividade que exerce até hoje.
Desde “O Candedense” que elaborava na máquina de escrever dos pais, em França escreveu para muitos jornais e revistas da Comunidade portuguesa. Há quase 20 anos fundou e dirige o LusoJornal – o jornal mais lido pelos Portugueses de França e uma referência no universo jornalístico nas Comunidades – e criou também uma empresa de produção audiovisual. Há 17 anos que produz conteúdos para a RTP – atualmente para o programa “Hora dos Portugueses” (RTP1 e RTPi) – mas também já produziu para a SIC e para a Televisão de Cabo Verde.
Realizou o documentário “Les Héritiers de la Bataille de La Lys” que filmou em Murça e no norte da França, e trabalha atualmente na realização de uma série documental para a RTP sobre Portugueses de França.
Pelo acompanhamento que tem feito sobre a participação dos Portugueses na I Guerra mundial, estabeleceu contacto entre os autarcas de Murça e de La Couture, que acabou por resultar na assinatura de um Pacto de Amizade.
A vida fez com que Presida atualmente ao Comité de Geminação entre a cidade de Groslay, a norte de Paris, onde reside, e o concelho de Mogadouro, atualmente um dos Comités de Geminação mais ativos do país.
Carlos Pereira foi eleito, durante 11 anos, membro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Foi mesmo Vice-Presidente (durante 2 anos) e Presidente (durante 3 anos) deste órgão de consulta do Governo português em matéria de emigração e de Comunidades portuguesas.
Foi nessa altura que impulsionou a criação de um Gabinete de Apoio ao Emigrante em Murça, inaugurado pelo então Secretário de Estado das Comunidades José Cesário, e mais tarde organizou em Murça, com a autarquia, um colóquio sobre Comunidades, que contou com a presença do então Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
Atualmente é membro do Conselho consultivo da área consular de Paris e foi eleito Presidente da SEDES Europa, a primeira delegação no estrangeiro da associação cívica SEDES. Enquanto Diretor do LusoJornal fundou e presidiu durante vários anos a Plataforma, a associação dos órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro. Também é membro do Conselho de Administração de um colégio em França.
Embora, na verdade, tenha nascido em Vila Real, onde os pais viviam, e de ter passado a infância em Angola, para onde os pais se mudaram, sempre se afirmou como murcense. Passa todos os anos férias em Candedo, sobretudo para partilhar momentos com os pais.
Carlos Pereira é um “especialista” em matéria de Comunidades e, por isso, tem sido muitas vezes solicitado para intervir em conferências, colóquios, mesas redondas, programas de televisão, sobre esta matéria. As suas opiniões têm sido importantes para empresas que pretendem trabalhar com o mercado francês e para municípios que pretendem desenvolver as suas relações com as Comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Também lecionou nas Universidades da Sorbonne Nouvelle, Saint Etienne e Aix-Marseille.
O LusoJornal, que dirige – e que foi cofundado também por uma outra jornalista do concelho de Murça, Clara Teixeira – recebeu recentemente o Diploma de Mérito das Comunidades. E o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva agraciou Carlos Pereira por ocasião das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com o grau de Comendador da Ordem de Mérito.
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